19 de Março de 1846 – Dia em que um grupo de mulheres minhotas se revoltaram na aldeia de Santo André de Frades, concelho da Póvoa de Lanhoso, obrigando o pároco a sepultar na igreja paroquial uma mulher, apesar de as leis da saúde proibirem estes enterramentos. Eventos que se vão repetir e, depois, vão desencadear a Revolta da Maria da Fonte. Passam hoje 177 anos.
Na imagem, a Maria da Fonte (1846), aguarela de Roque Gameiro.
18 de Março de 1512 – Compromisso do Hospital Real das Caldas (fundado pela rainha D. Leonor em 1484).
Foi há 511 anos que foi produzido este Regimento assinado pela Rainha D. Leonor, de 16 folhas, dividido em 29 capítulos, ao longo dos quais são referidos pormenorizadamente os aspectos da vida administrativa e religiosa do Hospital das Caldas e do quotidiano da instituição.
Este regulamento esteve em vigor até 1775, altura em que o Marquês de Pombal o substituiu parcialmente.
Na imagem, o manuscrito em pergaminho do Compromisso,, com iluminuras e letras capitulares pintadas à mão, encadernado em capa de carneira vermelha, com gravações douradas e dois fechos metálicos.
14 de Março de 1319 – Fundação da Ordem de Cristo pela bula “Ad ea ex quibus cultus augeatur”, do Papa João XXII.
A bula foi feita a pedido do rei D. Dinis, dando para residência da Ordem a vila de Castro Marim, e tendo-lhe aplicado todos os rendimentos, jurisdições e regalias que gozava a Ordem dos Templários, extinta por Clemente V.
Na imagem, a Bula “Ad ea ex quibus cultus augeatur” do Papa João XXII pela qual instituiu a Ordem de Cavalaria de Nosso Senhor Jesus Cristo, do acervo do Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Gavetas, Gav. 7, mç. 5, n.º 2).
Em 13 de março de 1823, ocorria a Batalha do Jenipapo, às margens do rio Jenipapo, na vila de Campo Maior, no Piauí. Essa é considerada uma das batalhas mais sangrentas da Guerra de Independência do Brasil.
A província do Piauí passava, assim como suas vizinhas em todo o Brasil, por um complicado processo de lutas pela independência em 1823. Desde a Revolução do Porto em 1820, e mais especificamente com a determinação das cortes portuguesas de que deveriam ser criadas Juntas Governativas nas províncias, que jurassem lealdade à Portugal, houve um alvoroço de disputas entre separatistas e conservadores.
No Piauí, a Junta pró-lusitana foi criada em 7 de abril de 1822, e seu governador das armas era João José da Cunha Fidié, português experiente que havia lutado nas guerras napoleónicas. Ao longo da província, no entanto, algumas vilas foram contra ao processo, como Parnaíba, Campo Maior e até uma parte da capital Oeiras.
No dia 19 de outubro de 1822, pouco mais de um mês após o Grito do Ipiranga dado pelo novo Imperador Dom Pedro I, Parnaíba declara adesão ao movimento de independência. Fidié vai com suas tropas para lá conter o movimento rebelde mas acaba recebendo a notícia de que Oeiras também se encontra em polvorosa. No caminho de volta, é surpreendido por uma coluna de brasileiros às margens do rio Jenipapo, em Campo Maior.
No dia 13 de março de 1823 ocorre a Batalha do Jenipapo, que configura um dos momentos mais importantes do processo de independência brasileiro. Apesar de terem perdido, os brasileiros conseguem debandar levando os suprimentos de guerra portugueses, e com isso os enfraquecem.
As tropas portuguesas são obrigadas a recuar para o Maranhão e os rebeldes piauienses acabam conseguindo dominar a província. Essa tendência se espalha também no próprio Maranhão e Fidié acaba preso, sendo enviado ao Rio de Janeiro e de lá indo para Lisboa.
O complexo processo de emancipação brasileiro passou por diversas batalhas regionais, que envolveram disputas sociais, militares e políticas que não se restringiram à Corte do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas. Tampouco se encerraram com o “grito do Ipiranga” em setembro de 1822.
Disputas importantes ocorreram em províncias mais afastadas, como a formação do popular Exército Libertador, o cerco às tropas portuguesas na Bahia em 1823 e, no mesmo ano, a batalha às margens do rio Jenipapo no Piauí, que juntou as forças locais às cearenses e maranhenses.
No entanto, é apenas em 1825 e depois de muitas colisões entre os dois lados que Portugal finalmente reconhece o Brasil, por meio do Tratado de Paz, Amizade e Aliança.
Na imagem, o Cemitério do Jenipapo, no Piauí, onde foram sepultados os mortos da batalha.
Combate realizado no final da terceira invasão francesa de Portugal, na região de Pombal, aquando da retirada dos franceses, liderados pelo General Massena. Desde o dia 6 de Março que os exércitos anglo-português, comandados por Wellington, perseguiam as forças francesas em retirada.
No dia 12, passam hoje 212 anos, a povoação de Redinha foi palco de uma batalha que ainda na actualidade é evocada pelos locais.
Na imagem, encenação histórica feita nos dias de hoje na vila de Redinha, em celebração dos tempos de paz e de homenagem aos soldados que morreram em defesa da sua pátria.
12 de Março de 1514: Chega a Roma a embaixada do rei D. Manuel I ao papa Leão X
Constituída numa altura em que Portugal era nação pioneira em diversos domínios e rica do comércio com outros continentes, a faustosa embaixada de D. Manuel I à Santa Sé chegou a Roma em 1514. Tinha como objectivo reiterar a obediência do soberano português ao papa Leão X e, ao mesmo tempo, apresentar-lhe certas propostas, que se podiam reunir em dois grupos: as de carácter geral, no sentido do fortalecimento doutrinário e institucional da Igreja Católica, e aquelas que, sem deixarem de estar relacionadas com as instituições religiosas, tinham a ver com aspetos específicos da orientação política de D. Manuel.
A embaixada era composta por mais de cem pessoas. Era chefiada por Tristão da Cunha, nomeado em 1505 primeiro governador da Índia. Como seus assessores iam Diogo de Pacheco e João de Faria, sendo o secretário Garcia de Resende.
Através dos seus representantes, D. Manuel enviou a Leão X presentes magníficos: pedrarias, tecidos e joias, bem como um cavalo persa, uma onça de caça e um elefante que executava diversas habilidades. Hanno, o elefante, carregava um cofre com paramentos bordados com pedras preciosas e moedas cunhadas para a ocasião.
Foi recebido pelo Papa no Castelo de São Ângelo. Ajoelhou-se três vezes perante o pontífice, e aspergiu água sobre os cardeais e a multidão. A embaixada fez sensação na corte pontificial, tanto pela sumptuosidade dos trajos e riqueza dos presentes, como pelo exotismo do séquito que passava pelas ruas de Roma a 12 de Março de 1514, dia em que foi recebida por vários embaixadores. O papa recebeu-a a 20 de Março, tendo sido mais tarde discutidas as questões apresentadas pelo monarca português.
Apesar de os chamados “pontos gerais” não terem sido atendidos, aqueles que interessavam mais a D. Manuel foram considerados e satisfeitos, sendo a sua obra na propagação da fé católica largamente recompensada através de diversas bulas e breves que se sucederam após o envio da embaixada.Esta iniciativa diplomática atingiu, assim, os principais objetivos que o monarca lhe tinha estabelecido. Afirmou de forma clara o seu poderio, vendo D. Manuel reconhecido o papel de Portugal na descoberta e conquista de novos territórios e a sua soberania sobre eles.
10 de Março de 1826: Morre D. João VI, “O Clemente”
Rei de Portugal de 1816 a 1826, era filho segundo de D. Maria I e de D. Pedro III. Nasceu em 1767. Casou em 1785 com D. Carlota Joaquina, filha de Carlos IV de Espanha. Tornou-se herdeiro do trono por morte de seu irmão D. José, em 1788. Embora já estivesse à frente dos negócios do reino desde 1792, altura em que se começou a manifestar a doença da D. Maria, só assumiu a regência em 1799.
Em 1807, juntamente com a família régia, embarcou para o Brasil. D. Maria morreu em 1816 e D. João VI foi aclamado rei.
Em 1820 deu-se a revolução liberal e o monarca regressou a Lisboa em 1821, onde jurou a Constituição liberal.
Em 1822, por iniciativa de D. Pedro, filho do soberano e defensor do liberalismo, foi proclamada a independência do Brasil. Com o objectivo de abolir a Constituição liberal, o infante D. Miguel, defensor do absolutismo, vai promover movimentos militares como a Vila-Francada (Maio de 1823) e a Abrilada (Abril de 1824), no último dos quais foi derrotado e expatriado. A sua posição não era partilhada pelo rei, que sempre procurou soluções conciliatórias com os liberais.
Nos anos finais do seu reinado, os maiores problemas que enfrentou D. João VI, foram os ligados à independência do Brasil, até então a maior fonte de riqueza de Portugal, e cuja perda fora de grande impacto sobre a economia portuguesa. Foi imaginada inclusive uma expedição de reconquista da antiga colónia, mas logo a ideia foi abandonada.
Negociações difíceis iniciadas na Europa e no Rio de Janeiro, com a mediação e pressão da Inglaterra, resultaram no definitivo reconhecimento da independência em 29 de Agosto de 1825. Foi acertado que D. Pedro governaria soberano com o título de Imperador Regente, mantendo D. João para si o título de Imperador Titular do Brasil, passando a assinar os documentos oficiais como “Sua Majestade o Imperador e Rei D. João VI”. O Brasil ficava ainda obrigado ao pagamento do último empréstimo contraído com Portugal.
Sobre a sucessão das duas coroas, nada ficou dito no tratado, mas D. Pedro, continuando na qualidade de Príncipe Real de Portugal e Algarves, permanecia implicitamente na linha de sucessão ao trono português.
No dia 4 de Março de 1826, D. João, vindo do Mosteiro dos Jerónimos onde almoçara, recolheu-se ao Paço da Bemposta sentindo-se mal. Teve vómitos, convulsões e desmaios que duraram alguns dias. O rei pareceu melhorar, mas por prudência designou a sua filha, a infanta Isabel Maria, como regente. Na noite do dia 9 a doença agravou-se, e perto das 5 horas do dia 10, faleceu. Os médicos não puderam determinar exatamente a causa mortis, mas suspeitou-se de envenenamento. O seu corpo foi embalsamado e sepultado no Panteão dos Braganças, no Mosteiro de São Vicente de Fora. A infanta assumiu imediatamente o governo interino e D. Pedro foi reconhecido legítimo herdeiro, como D. Pedro IV de Portugal.
Recentemente uma equipe de pesquisadores exumou o pote de cerâmica chinesa que continha as suas vísceras. Fragmentos do seu coração foram reidratados e submetidos a análises, que detectaram uma quantidade de arsénico suficiente para matar duas pessoas.
Fontes: D. João VI. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014.
8 de Março de 1500 – Missa em Belém para abençoar a partida da armada de Pedro Alvares Cabral.
O Bispo de Ceuta, D. Diogo Ortiz, celebrou missa na Ermida de Nossa Senhora de Belém na presença de D. Manuel. Foi há 523 anos.
Terminada a missa, lançou a benção a Pedro Alvares Cabral e benzeu a bandeira da cruz da Ordem de Cristo. O rei entregou-a ao navegador para o acompanhar nesta viagem e colocou-lhe também na cabeça um barrete bento, que o Papa lhe mandara. No dia seguinte, a armada de Cabral, composta de 13 naus, largou do Tejo.
Na imagem, a Nossa Senhora de Belém que se encontrava na ermida, e que actuamente está na Igreja da Conceição Velha, na rua da Alfândega, em Lisboa.
Neste dia recordemos a primeira rainha reinante em Portugal, D. Maria I (1734-1816) que subiu ao trono em 1777 após a morte do pai, D. José I. Até então Portugal só havia conhecido rainhas consorte, apesar de algumas, como D. Luísa de Gusmão, terem exercido regência no período de menoridade do herdeiro do trono.
D. Maria I era a filha mais velha de D. José I e D. Mariana Vitória. O casal régio apenas havia tido filhas, o que explica que a herdeira ao trono fosse uma mulher. Apesar de não ser novidade no contexto europeu, não era comum uma mulher reinar. E em Portugal a questão gerou problemas devido ao mito das Cortes de Lamego, que alegadamente proibia uma mulher casada com um estrangeiro de herdar o trono. Assim, a solução encontrada para D. Maria, foi casá-la com o próprio tio, futuro D. Pedro III, 17 anos mais velho do que ela.
D. Maria I não foi apenas a primeira rainha reinante em Portugal, foi também a primeira monarca europeia a atravessar o oceano Atlântico e a pisar solo americano.
D. Maria I foi a única monarca da dinastia de Bragança que escolheu não ser sepultada no Mosteiro de São Vicente de Fora, pedindo para ficar na Basílica da Estrela, mandada construir pela própria. Para além dela, apenas D. Pedro IV é o monarca ausente no Panteão Real da Dinastia de Bragança, onde esteve sepultado até 1972, ano em que foi trasladado para o Brasil.
A Família Real Portuguesa chegou ao Rio de Janeiro em 7 de março de 1808, após atravessar o Atlântico.
Em finais de Novembro de 1807 a família real portuguesa realiza uma apressada saída de Lisboa aquando da invasão de Portugal pelos franceses, chega ao Brasil em Janeiro do ano seguinte e ficará pelo território português das Américas até 1821.
Foi uma viagem com alguns perigos. A corte teve de se alimentar da comida de bordo infestada por insetos, foram atacados por uma praga de piolhos e também sofreram os efeitos de uma tempestade.
Apesar de todas as dificuldades conseguiram chegar ao seu destino.
A partida tinha tido lugar em pleno inverno e a chegada ao Brasil aconteceu em pleno verão do hemisfério sul …