26 de Outubro de 1802: Nasce no Palácio de Queluz o rei D. Miguel

26 de Outubro de 1802: Nasce no Palácio de Queluz o rei D. Miguel

Terceiro filho varão de D. João VI e de D. Carlota Joaquina, nasceu em Queluz, a 26 de Outubro de 1802, e morreu em Brombach, a 14 de Novembro de 1866. Vigésimo nono rei de Portugal (1828-1834), ficou conhecido pelos cognomes o Usurpador e o Absolutista.

Na sequência da primeira invasão francesa, embarcou, em 1807, com a família real para o Brasil, de onde regressou acompanhado dos pais em 1821, tendo ficado o seu irmão D. Pedro a governar o Brasil.

Durante a sua estada no Brasil deram-se em Portugal acontecimentos que viriam a condicionar a sua ação, como a Conspiração de 1817 e, sobretudo, a Revolução liberal de 1820. Regressou a Lisboa a 3 de Julho de 1821, quando o liberalismo dava os seus primeiros passos no nosso país, facto que provocou em D. Carlota Joaquina uma forte reação, apoiando a rainha os adversários do regime nascido em 1820. Depressa o infante assume a chefia dos partidários do antigo regime, aglutinados em volta de sua mãe. Assim, esteve à frente dos movimentos contrarrevolucionários da Vila-Francada (1823) e da Abrilada (1824).

A Vila-Francada conduziria à dissolução das Cortes liberais e ao fim da vigência da Constituição de 1822, acabando por redundar numa vitória política que elevaria D. Miguel a comandante-chefe do exército português. A Abrilada só não teve sucesso mercê da intervenção de diplomatas estrangeiros acreditados em Lisboa. Após o golpe, D. João VI demite o filho do alto cargo que ocupava desde a Vila-Francada e D. Miguel deixa o país, fixando-se em Viena de Áustria, onde permaneceria por quatro anos.

Aquando da morte de D. João VI, em 10 de março de 1826, D. Miguel escreve para o Brasil, afirmando aceitar D. Isabel Maria como regente do reino e seu irmão como legítimo herdeiro do trono. Numa tentativa de conciliação, D. Pedro IV abdica do trono português a favor de sua filha D. Maria da Glória, na dupla condição de ser jurada a Carta Constitucional e de sua filha casar com o tio, D. Miguel. Este não só celebra os esponsais com a sobrinha como jura a Carta Constitucional outorgada por seu irmão.

Chegado a Lisboa em Fevereiro de 1828, D. Miguel jura novamente a Carta. Porém, decorrido pouco tempo, falta ao compromisso assumido com seu irmão, nomeia um novo ministério, dissolve as Câmaras e, convocadas as cortes à maneira antiga, é proclamado, pelos três estados do reino, rei absoluto. São sufocados os focos de reação antimiguelista. Os liberais emigram em massa e os que ficam são alvo do terror miguelista; são presas ou degredadas milhares de pessoas, e muitas são sumariamente executadas.

Os exilados, após se reunirem nos Açores (Ilha Terceira), sob os auspícios de D. Pedro, seguem para o norte do país. Em junho desembarcam no Pampelido e daí seguem para o Porto, onde sofreriam um longo e penoso cerco. Dá-se, pois, início a uma guerra civil que se prolongaria por dois anos (1832-1834) e que levaria ao trono D. Maria II.

Verificando a impossibilidade de continuar a luta, D. Miguel rendeu-se, assinando em 26 de Maio de 1834 a Convenção de Évora-Monte. No dia 1 de Junho de 1834, D. Miguel deixa definitivamente Portugal, seguindo para Itália. Acaba por se fixar na Alemanha, onde casa em 1851 com D. Adelaide de Loewenstein-Wertheim-Rochefort-Rosenberg, de quem teve sete filhos, e onde veio a falecer a 14 de Novembro de 1866.

26 de Outubro de 1742: Encomenda em Itália, da Capela de S. João Baptista da Igreja de S. Roque.

26 de Outubro de 1742 – Por carta régia faz-se a encomenda em Itália, da Capela de S. João Baptista da Igreja de S. Roque.

Passam hoje 280 anos em que foi feita esta encomenda ao embaixador de Portugal em Roma, comendador Manuel Pereira de Sampaio, que tratou logo de procurar “o melhor architecto que presentemente se ache em Roma” para a realização da Capela dedicada ao Espírito Santo e a S. João Baptista.

Processo que culminará, cinco anos depois, com o embarque no dia 26 de Julho de 1747, da obra de arquitectura, a bordo de três navios, que aportariam em Portugal.

Seguiram, também, um grupo de técnicos para a sua montagem na Igreja de S. Roque.

Na imagem, a capela de S. João Baptista ornamentada com lápis-lazúli, ametista, ágata, alabastro, mármores preciosos, ouro, prata e ricos mosaicos.

25 outubro 1147: D. Afonso Henriques conquista Lisboa

D. Afonso Henriques conquista Lisboa a 25 outubro 1147.

Há datas que são emblemáticas para alguns países, dias que representam conquistas importantes. Em Portugal existem algumas datas que ficaram para sempre com um lugar especial na nossa história, como acontece com o dia 25 de outubro de 1147. Neste dia D. Afonso Henriques conquistou Lisboa, um feito que se somou a muitos outros, tornando-o numa das figuras mais emblemáticas do nosso país.

O primeiro rei

D. Afonso Henriques nasceu no dia 25 de junho de 1111, em Guimarães, a cidade que se tornou no “berço da nação”. Filho de D. Henrique de Borgonha e de D. Teresa, ficou para a história do nosso país como “O Conquistador”, tendo sido o primeiro rei de Portugal. O Rei D. Afonso Henriques reinou entre 1143 e 1185. A 1ª Dinastia ficou conhecida como Dinastia Afonsina (ou por Dinastia Borgonha) por ter começado com D. Afonso Henriques.

Casou-se com D. Mafalda de Saboia. A Dinastia Afonsina prosseguiu com o filho herdeiro do trono D. Sancho I, que ficou conhecido como “O Povoador. O seu filho reinou entre 1185 e 1211. Já o seu neto, D. Afonso II (filho de D. Sancho I e de D. Dulce de Aragão), era conhecido como o “O Gordo” tendo reinado entre 1211 e 1223.

D. Afonso Henriques conquista Lisboa a 25 outubro 1147.

O cerco

D. Afonso Henriques entrou finalmente no Castelo de Lisboa, após realizar um cerco de cerca de quatro meses. Só depois desse momento é que conseguiu conquistar a cidade em definitivo. A ajuda dos cruzados do norte da Europa revelou-se importante nessa conquista, surgindo devidamente representada na obra de Roque Gameiro.

Alfredo Roque Gameiro (1864-1935) foi um pintor e desenhador português especializado em aguarela. Na sua obra (Cerco de Lisboa de 1 de julho a 25 outubro 1147, por Roque Gameiro), uma magnífica aguarela, destacam-se os navios de proas altas e de velas pandas típicas dessa região.

Pormenorização

Numa famosa carta todos os pormenores desse dia são contados por uma testemunha ocular, um dos cruzados. O manuscrito latino da carta encontra-se devidamente conservado no ‘Corpus Christi College’ da Universidade de Cambridge, em Inglaterra. O homem, de nome Osberno (ou Osberto), era oriundo da Inglaterra ou da Normandia, um cruzado que tinha formação religiosa (seria um clérigo ou presbítero).

Tendo em conta a qualidade do latim que foi por ele empregado e dadas as características do texto revelado, tudo indica que Osberno era um homem culto. O autor descreve na carta diferentes etapas da conquista de Lisboa, desde as fases preparatórias até ao período que se seguiu à tomada da cidade.

D. Afonso Henriques conquista Lisboa a 25 outubro 1147.

Os cruzados

Os cruzados eram provenientes de diversos locais, nomeadamente de Inglaterra, Gales, Normandia, Condado da Flandres, norte da França e Renânia (Alemanha). Em junho de 1147, os cruzados que estavam a caminho da Terra Santa, aportam na cidade do Porto, no norte de Portugal. Por lá são recebidos pelo bispo do Porto, tendo este sido enviado pelo rei Afonso Henriques de forma a convencê-los a ajudar os portugueses na conquista de Lisboa.

Posteriormente, é o próprio rei a encontrar-se com os cruzados. D. Afonso Henriques encontra-se com os cruzados nos arredores de Lisboa, momento em que realiza um discurso que tem como objetivo levar os cruzados a participar na conquista da cidade. Hervey de Glanville, o Condestável inglês, faz outro discurso que tem o mesmo propósito.

Os discursos na carta

Na carta, Osberno (ou Osberto) reproduz esses discursos, embora seja impossível determinar se neles há grande rigor, pois, por muito esforço que haja da parte do cruzado em ser rigoroso, as limitações daquele tempo são mais que muitas.

No manuscrito são referidas as palavras do bispo e do rei. Ambos tanto apelam ao espírito da cruzada contra os inimigos muçulmanos, como é feita a promessa do saque (pilhagem) da rica cidade de Lisboa. O rei D. Afonso Henriques também se compromete, no acordo final, a deixar isentos de impostos todos os cruzados que desejassem estabelecer-se em terras na região de Lisboa. João Peculiar, o arcebispo de Braga, também dirige um discurso aos lisboetas, tendo tentado convencer os lisboetas a se renderem sem luta, algo que foi recusado.

O cerco começou em julho de 1147. Ao longo do tempo surgiram vários momentos de tensão entre os cruzados. Muitos dos momentos de tensão tinham origem na rivalidade existente entre os anglo-normandos e os flamengos e alemães.

O longo cerco

Compreensivelmente, o autor anglo-normando descreve o comportamento dos seus compatriotas de maneira favorável. O mesmo não é feito quando descreve o comportamento dos flamengos e alemães. O cruzado também refere que a relação com as tropas portuguesas foi tensa por vezes.

D. Afonso Henriques conquista Lisboa a 25 outubro 1147.

O outro lado

As cartas dos mouros são também reproduzidas, traduzidas do árabe, tendo sido intercetadas pelos sitiadores. Numa das cartas que era destinada aos moradores de Lisboa e que tinha sido enviada pelo rei mouro de Évora, o rei eborense recusa-se a ajudá-los na luta contra os cristãos. O rei mouro de Évora defendeu que tinha realizado com Afonso Henriques um acordo de paz, algo que não queria quebrar.

O dia 25 de outubro

As defesas da cidade ficaram debilitadas depois dos sitiadores conseguirem construir uma máquina de cerco, uma torre dotada de ponte, que permitiu derrubar parte dos muros da cidade levando os lisboetas a renderem-se aos cristãos.

Negociações

Fernão Cativo é o representante do rei no acordo de rendição com os mouros, sendo ainda negociado com um dos condestáveis dos anglo-normandos, Hervey de Glanville. Contudo, surgiu mais tensão e violência entre os cristãos, por existência de desacordos, sendo necessárias novas negociações para acordar devidamente a divisão das riquezas da cidade de Lisboa.

No dia 25 de outubro, os cruzados entram na cidade, mas as tropas flamengas e alemãs não se comportam devidamente. Massacraram muitos habitantes da cidade sem razão, mesmo sabendo que D. Afonso Henriques tinha ordenado que os habitantes fossem bem tratados. O autor do texto informou ainda que as tropas flamengas e alemãs mataram o bispo moçárabe da Lisboa muçulmana.

Notas finais da carta

O autor da carta defende que os anglo-normandos respeitaram os acordos, comportaram-se com mesura. A população moura foi espoliada dos seus pertences de valor, sentindo-se obrigada a abandonar Lisboa. A restauração da diocese de Lisboa surge referida na parte final da carta, sendo mencionada a eleição do seu primeiro bispo, Gilberto de Hastings, que também foi cruzado. A carta faz ainda referência que, depois da conquista de Lisboa, os mouros também abandonaram o Castelo de Sintra e o Castelo de Palmela.

25 de Outubro de 1951: falece S.M. a Rainha Dona Amélia

25 de Outubro de 1951 – A Rainha Dona Amélia faleceu na sua residência Le Chesnay, França

À semelhança de seu filho, o Rei Dom Manuel II, exilou-se em Londres, onde esteve até 1913.

Quando Dom Manuel II se casou, mudou-se para Château de Bellevue, perto de Versalhes, em França.

Durante a Primeira Guerra Mundial, sabemos que a Rainha Dona Amélia trabalhou na Cruz Vermelha, tendo sido condecorada pelo Rei Jorge V de Inglaterra.

Em 1940, os soldados alemães ocuparam a sua casa nos arredores de Paris.

Numa manobra de charme, Salazar pediu que o palácio fosse considerado território português e convidou-a a refugiar-se em Portugal.

A Rainha Dona Amélia respondeu «Na minha desgraça, a França acolheu-me, não a abandonarei na desgraça dela».

A sua correspondência com o Dr. Oliveira Salazar é muito interessante, e permite-nos perceber como é que Salazar influenciou a sua decisão de nomear herdeiro dos seus bens, o afilhado D. Duarte Pio (descendente da linha miguelista) que, aparentemente, Salazar chegou a considerar para o suceder (uma solução semelhante aquela que Franco implementou em Espanha).

Salazar permite que a Rainha Dona Amélia seja entrevistada por Leitão de Barros e que volte a ser “tratada” pelos seus títulos.

Finalmente, concede-lhe a possibilidade de visitar Portugal, e rezar junto dos túmulos do seu marido e dos seus filhos , Rei Dom Carlos, Rei Dom Manuel II e Príncipe Luís Filipe.

Esta visita trouxe milhares de pessoas às ruas, mas foi obviamente curta.

Não lhe interessava entusiasmar os muitos adeptos da monarquia.

No dia 25 de outubro de 1951, a Rainha Dona Amélia faleceu na sua residência em Versalhes, aos oitenta e seis anos, rodeada de fotografias e memórias, na cama pintada por Columbano.

Esta era a cama que a esperava no Palácio de Belém quando chegou a Lisboa para casar com o Rei Dom Carlos.

As suas últimas palavras foram “Levem-me para Portugal”.

Está sepultada no panteão dos Bragança, em São Vicente de Fora.

25 de Outubro de 1836: Fundação da Academia de Belas Artes por decreto de D. Maria II

25 de Outubro de 1836 – Fundação da Academia de Belas Artes por decreto de D. Maria II.

Ocupou os dois pavimentos inferiores do edifício do Convento de São Francisco da Cidade. Foi há 186 anos que rainha criou esta Academia que ficava debaixo da sua protecção e do príncipe D. Fernando, seu marido, suprimindo as aulas de desenho de figura, arquitectura civil e de gravura, e também, as Casas de Risco e de Escultura até agora existentes na Repartição das Obras Públicas.

Na imagem, alegoria à Instituição da Academia das Belas Artes, de Norberto José Ribeiro, 1840.

25 de Outubro de 1495: Morre Dom João II, “O Príncipe Perfeito”

25 de Outubro de 1495: Morre D.João II, “O Príncipe Perfeito”

D. João II de Portugal nasceu em Lisboa a 3 de Maio de 1455 e faleceu a 25 de Outubro de 1495. Foi cognominado O Príncipe Perfeito pela forma como exerceu o poder. Filho do rei Afonso V de Portugal, acompanhou o seu pai nas campanhas em África e foi armado cavaleiro na tomada de Arzila. Enquanto Afonso V enfrentava os castelhanos, o príncipe assumiu a direcção da expansão marítima portuguesa iniciada pelo seu tio-avô Infante D. Henrique.

Desde 1474 que dirigia a política atlântica, devendo-se à sua visão de governante, apesar de não ter ainda vinte anos, a instituição do mare clausum, princípio que estabelecia que o domínio dos mares estava ligado ao seu descobrimento. Na linha dessa política surge o tratado de Toledo de 1480, em que D. João II aceitando a partilha das terras do Atlântico pelo paralelo das Canárias, afasta a concorrência da Espanha em África e protege a mais tarde chamada rota do Cabo. Durante o seu reinado toda a costa ocidental da África foi navegada, dobrou-se o Cabo da Boa Esperança e preparou-se por terra com as viagens de Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva, a viagem de Vasco da Gama à índia, a que o monarca já não assistiria. Em 1494, assina-se o tratado de Tordesilhas, dividindo-se a terra em duas zonas de influência, a atribuir a Portugal e à Espanha. Dentro da zona de influência portuguesa ficava o Brasil, o que permite supor que o monarca tinha conhecimento da existência dessas terras.

No plano interno, a acção de João II orientou-se no sentido da centralização e fortalecimento do poder real, tendo reprimido duramente as conjuras dos nobres e abatido o poder das grandes casas do reino. De 1481 a 1485, são mortos ou presos D. Fernando, duque de Bragança, D. Diogo, duque de Viseu, D. Gutierres Coutinho, D. Pedro de Ataíde, Isaac Abravanel, D. Afonso, conde de Faro, D. Fernão da Silveira, Diogo Lourenço, Afonso Vaz, D. Álvaro, filho do duque de Bragança, Aires Pinto, bacharel João Afonso e José Abravanel. Tinha em grande conta a opinião dos povos, mas o seu conceito da autoridade real leva-o a só reunir cortes quatro vezes, durante o seu reinado. Quanto às relações externas, a sua actividade foi no sentido de criar laços de concórdia com os vários reinos, talvez com o intuito de se libertar de problemas que pusessem em dificuldades a política de expansão ultramarina. Alimentou o sonho de uma futura «monarquia ibérica», tendo conseguido contratar o casamento de seu filho D. Afonso com a primogénita dos Reis Católicos. A morte do infante veio, no entanto, deitar por terra estes planos. Manteve uma actividade diplomática intensa com vários países europeus, sendo de destacar a embaixada de Vasco de Lucena, enviada a Roma em 1485.

A última fase do reinado de D. João II está marcada pelo problema da sucessão do trono. Com a morte do infante D. Afonso, procura o rei habilitar ao trono o bastardo D. Jorge. No seu testamento, todavia, nomeia seu sucessor D. Manuel, irmão da rainha. Morre no Algarve em 1495, aceitando alguns historiadores a hipótese de ter sido envenenado. O rei encontrava-se em Alvor, em casa de D. Álvaro de Ataíde, quando faleceu. Desenganado pelos médicos, sobre as suas hipóteses de salvação, organizou o próprio cenário da sua morte, ordenou a sua extrema-unção, e faleceu no dia 25 de Outubro de 1495, apenas com 40 anos, não sem antes pedir aos que o rodeavam que não o agoniassem com os seus prantos.

23 de Outubro de 1492: Carta régia sobre a Procissão Comemorativa da Tomada de Lisboa

23 de Outubro de 1492 – Carta régia sobre a Procissão Comemorativa da Tomada de Lisboa, que determina que o governo da cidade deveria tomar parte nela com grande solenidade.

Passam hoje 530 anos desta Real Ordem. A origem desta procissão remonta ao tempo do rei D. Afonso Henriques.

Reza a história que na primeira procissão que se fez o rei esteve presente, bem como os grandes que com ele pelejaram, mais os bispos, os cruzados e o povo.

Esta procissão, segundo o olisipógrafo Júlio Castilho, realizava-se ainda em 1860, embora já muito alterada, indo todo o Cabido da Sé até à Ermida de S. Crispim.

Na imagem, painel de azulejos sobre a conquista de Lisboa no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa.

22 de Janeiro: Dia de São Vicente, Padroeiro de Lisboa

22 DE JANEIRO – DIA DE SÃO VICENTE, PADROEIRO DE LISBOA

A 22 de Janeiro a igreja celebra São Vicente Mártir. Sobre a sua Lenda não vou falar, porque já todos conhecem a sua história.

O que interessa hoje falar, é o porquê de São Vicente ser venerado em Lisboa. Quando a Península foi conquistada em 713, ao contrário do que se diz, os mouros permitiam que os cristãos mantivessem o seu culto, tendo para isso que pagar um imposto acrescido. A partir desse ano os cristãos da Península foram sendo influenciados não só pela tradição, mas sobretudo pelos povos que a conquistaram, pelos seus usos, costumes, língua, etc… nasceram assim os cristãos árabes ou “moçárabes”. Tinham liturgia própria, e mantiveram o culto até à época da reconquista cristã. Eram pois estes cristãos (moçárabes), que mantinham a Fé viva em Lisboa, debaixo do manto de Santa Maria de Alcamim, padroeira da Sé moçárabe da antiga Lisboa, no local onde hoje se situa a Igreja de S. Cristóvão, na Mouraria. Sabe-se que estes cristãos peregrinavam ao promontório sacro, em Sagres (“Sacrum Promontorium” hoje conhecido como Ponta de Sagres, embora o Cabo de S. Vicente seja também denominado por Promontório Sagrado), a venerar o suposto corpo do Mártir São Vicente. Inúmeros relatos falam da existência de corvos nesse local, guardando o Corpo do Mártir. Aquando da conquista de Lisboa, o problema começou… no ataque dos cruzados à cidade (principalmente Ingleses e Normandos), não só foram assassinados muçulmanos, mas também muitos destes cristãos moçárabes, e inclusive o seu Bispo… Supostamente, os cruzados não saberiam da existência de cristãos na cidade, e ficaram admirados por no ataque à cidade, estes “bradarem por Jesus e Maria”…. Possivelmente de forma a sarar as feridas a esses cristãos, D. Afonso Henriques terá mandado procurar no Algarve (ainda território mouro), o corpo de São Vicente, mas não o encontraram. Só numa segunda busca, é que o corpo foi encontrado. Trazido para Lisboa, a nau foi sempre guardada por dois corvos: um à proa outro à popa. Chegando o corpo de noite à cidade, aportou junto da igreja de Santa Justa (a Baixa de Lisboa ainda era um enorme braço navegável do Rio Tejo). Permaneceu nessa noite em Santa Justa, mas o cabido sabendo da chegada do corpo, conseguiu convencer o Prior de Santa Justa, e levou o corpo para a Sé. Por esse motivo, por muito estranho que pareça, o Mosteiro de São Vicente de Fora nunca possuiu o corpo do seu orago. Começa então o culto de São Vicente a ser incrementado na Sé. Mas o povo nunca se apegou a ele… era sobretudo um culto das elites reais e dos que lhe eram próximos. Com o passar dos século, em determinadas obras na Sé, a urna com as relíquias foi de tal forma bem guardada numa das suas paredes, que se perdeu o seu rasto. Só anos mais tarde, em novas obras, voltou a ser encontrada. Tinha o Santo um Altar riquíssimo, onde estiveram os famosos Painéis de São Vicente (hoje no MNAA), obra prima da pintura portuguesa e mundial. Chegados ao grande terramoto de 1755, parte da Sé desabou e ardeu. Só a muito custo se conseguiram encontrar as relíquias de São Vicente, muito partidas e carbonizadas. Estão hoje guardadas numa arca de madre-pérola. Resta também a Sacrossanta Mão, que a cada ano é mostrada ao povo e venerada por todos.
Sucintamente foi isto….

Na foto, a imagem de São Vicente que se venera na Patriarcal de Lisboa

23 de Outubro de 1458: D. Afonso V conquista a praça de Alcácer Ceguer

23 de Outubro de 1458: D. Afonso V conquista a praça de Alcácer Ceguer.

Alcácer-Ceguer ( Qasr al-Saghir, castelo pequeno em árabe ) é uma cidade marroquina situada no estreito de Gibraltar, entre Tânger e Ceuta.

Foi conquistada por D. Afonso V a 23 de Outubro de 1458. Na empresa seguiam também o infante D. Henrique (que comandava a armada do Algarve), o infante D. Fernando, o marquês de Valença (que comandava a armada do Porto) e o marquês de Vila Viçosa. O rei, cuja nau se desviou com o vento para junto de Tânger ainda hesitou na cidade a conquistar, mas devido à persuasão do infante D. Henrique, que havia participado no desastre de Tânger em 1437, manteve-se a decisão de atacar Alcácer Ceguer. A conquista foi possível devido à superioridade da artilharia pesada portuguesa, e à decisão do rei de Fez, Abd al-Hakk, que quando estava a preparar um ataque a Tlemcen, fora avisado de que a frota de D. Afonso V estava à vista de Tânger. Indeciso sobre o alvo dos Portugueses, que poderia ser Tânger ou a capital, Fez, decidiu ir defender a última.

A cidade de Alcácer Ceguer foi erguida no início da ocupação muçulmana do Magreb, cerca de 708. Durante o período almóada, foi um importante porto de embarque de tropas para a Península Ibérica. No entanto, quando foi conquistada pelos Portugueses, Alcácer não passava de um simples porto de corsários. Após a conquista, uma das primeiras preocupações do monarca foi o do reforço da sua fortificação, mandando construir uma couraça para defender o futuro desembarque de mantimentos e homens. Esta couraça voltou a ser alvo de obras de melhoramento no reinado de D. Manuel I.

A mesquita da cidade foi transformada na igreja de Santa Maria da Misericórdia, outorgada à Ordem de Cristo por iniciativa do infante D. Henrique. Logo após a sua tomada, o rei de Fez tentou por duas vezes reavê-la. O primeiro cerco durou 53 dias e foi levantado a 2 de Janeiro de 1459. Contudo a guarnição da cidade, comandada por D. Duarte de Meneses (filho do primeiro capitão de Ceuta, D. Pedro de Meneses), conseguiu resistir e defender a praça. Abd al-Hakk voltou a cercar Alcácer entre 2 de Julho e 24 de Agosto de 1459. Durante este cerco, D. Duarte de Meneses mandou vir do reino a mulher e os filhos, que com alguma dificuldade, conseguiram furar o cerco e entrar dentro da praça. Esta atitude do capitão deu novo ânimo à guarnição sitiada, que não cedeu as defesas.

A população da praça chegou a atingir as 800 pessoas, mas estava totalmente dependente do Reino para a sua manutenção. A conquista de Arzila e Tânger em 1471 significou a consolidação da presença portuguesa no norte de Marrocos, pelo que Alcácer Ceguer, que era uma praça pequena, perdeu a sua importância estratégica, quer para os portugueses quer para os muçulmanos.

No reinado de D. João III conclui-se que não se podia continuar a sustentar esta praça, que ainda por cima, era um alvo fácil para a artilharia muçulmana. Após quase duas décadas de discussão, Alcácer Ceguer foi abandonada em 1550.

Comprovando a sua pouca importância estrategicamente, a praça permaneceu abandonada, sendo hoje um importante campo arqueológico. O facto de não ter sofrido, para além do desgaste do tempo, modificações desde a presença portuguesa, torna-a um caso único de estudo.

22 de Outubro de 1842: Artigo adicional para a completa abolição do tráfico da escravatura

22 de Outubro de 1842 – Artigo adicional ao Tratado entre a rainha D. Maria II, de Portugal, e a rainha Vitória, do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, para a completa abolição do tráfico da escravatura.

Passam hoje 180 anos. Este documento, com o artigo adicional, que se encontra no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, vem completar o Tratado que tinha sido celebrado a 3 de Julho desse mesmo ano, negociado pelo Duque de Palmela como plenipotenciário do governo português.

Na imagem, o primeiro fólio do Tratado que inicialmente tinha dezasseis artigos.