
CONQUISTA DE CEUTA
A conquista da cidade de Ceuta ocorre em 21 de agosto de 1415. Uma armada com 212 navios saiu de Faro a 7 de agosto de 1415. D. João I, determinado a conquistar Ceuta, comandava uma expedição militar com mais de 20 mil homens.
As razões para a conquista daquela cidade marroquina não são ainda hoje suficientemente claras. Um dos objetivos seria o domínio do estreito de Gibraltar e o controle das rotas comerciais que ligavam o Mediterrâneo à Europa Ocidental.
Há muito que os portugueses olhavam para as praças do norte de África como uma saída para os seus problemas económicos e sociais. Abrir caminho para as rotas do ouro africano, expandir a fé cristã e dominar o comércio além-mar, foram as principais motivações para esta expedição que começou com uma vitória.
Além dos motivos de natureza geoeconómica, havia igualmente motivos de ordem social: a nobreza buscava novas honrarias, terras e rendas e a burguesia estava à procura de novos mercados. Finalmente, o estabelecimento de Ceuta como o ponto mais oriental da reconquista cristã fortalecia a posição do reino de Portugal, no quadro das monarquias ibéricas.
No dia 21 de Agosto de 1415, D. João I entrava em Ceuta e, sem resistência, tomava a “pérola do mediterrâneo”. Dizem os relatos que morreram milhares de mouros e que, do lado dos portugueses, apenas caíram oito homens, apedrejados na praia onde aportaram.
O rei ganhava assim uma cidade comercial importante, ao mesmo tempo que conquistava a admiração dos outros monarcas europeus e da própria Igreja, que apoiava a luta contra os infiéis do Islão.
No regresso da expedição, os navios vieram carregados com os despojos de Ceuta. A longo prazo, as expectativas criadas com a conquista de Ceuta não viriam a confirmar-se. Do ponto de vista económico, o domínio português sobre a cidade revelou-se um fracasso, uma vez que as rotas comerciais que antes chegavam ou passavam por Ceuta (transportando ouro, especiarias e outros produtos) foram desviadas para outras localidades. A situação agravou-se ainda com as elevadas despesas militares necessárias à manutenção da praça africana.
A cidade foi reconhecida como possessão portuguesa pelo Tratado de Alcáçovas (1479) e pelo Tratado de Tordesilhas (1494). Em 1640, porém, Ceuta não reconheceu D. João IV como rei de Portugal e deixou de estar sujeita à Coroa portuguesa. A incorporação nos territórios espanhóis foi depois consagrada na assinatura do tratado de 1668, que pôs fim à Guerra da Restauração portuguesa, mantendo-se até aos nossos dias.
A conquista de Ceuta marca o início dos descobrimentos, um dos períodos mais importantes da história de Portugal.